Edgard Leite Ferreira Neto

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O desastre anunciado de toda tirania

Atualizado: 16 de nov de 2022

Edgard Leite Ferreira Neto

Ser um Deus, ou ser Deus, é o objetivo de muitos humanos. Esse movimento é antigo e é caracterizado pelo desejo de dominar o mundo e escravizar o Homem.

O mundo não pode ser dominado, evidentemente. E o Homem não pode ser escravizado perpetuamente. O mundo, a natureza e o ser se rebelam continuamente contra todas as tentativas que se fizeram, e se fazem, de submete-los a um ou a meia dúzia de pessoas que se entendem como capazes de exercer poderes ilimitados. Porque a liberdade é essencial, própria de nossa natureza. Somos humanos por sermos livres.

Nos últimos séculos, no entanto, tal desafio prepotente ao universo não apenas deixou de ser considerado imoral, mas também começou a ser alimentado pela cultura. Passou a entender-se como viável dominar o mundo natural, negar mesmo que exista essa natureza, e possível reconstruir o universo a partir dos desejos humanos.

Ao mesmo tempo, julgou-se perfeitamente correto escravizar as consciências, negando-lhes o movimento tão essencial da liberdade. Alimentou-se a terrível ilusão de que todos os humanos devem pensar da mesma forma, e toda opção de ser diferente passe a ser considerada crime.

A natureza aspira a realização de sua essência e o ser humano só pode ser aquilo que é, um ser paradoxal, pecador e virtuoso, e que apenas pela liberdade pode erguer-se para um nível superior da consciência. Mataram-se milhões na Alemanha nazista e na União Soviética, mas os sobreviventes venceram a opressão.

O mesmo acontecerá com os regimes ditatoriais que hoje existem e os que ainda existirão. E ser natureza, e livre, não precisa de teoria para se transformar de essência em evento, de aspiração em realidade. É.processo inevitável e incontrolável. E de forma triste terminam todos os tiranos. Descobrindo que não são deuses. A capacidade de escolher, e escolher a liberdade, sempre vencerá.

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