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A história da eternidade no mundo



Edgard Leite Ferreira Neto


As memórias que a tradição bíblica preserva e gerações de sábios autorizaram enquanto relatos portadores de verdade, são repletas de sentido, de essências imortais. Tudo nelas contém o registro de algo que se desloca neste mundo. E que o ilumina com tanta profundidade e amplitude que não há como deixar de ter a mente luminosa quando com elas lidamos.


A memória pode fraquejar e ser alterada, mas o que existe na sua intimidade, seu sentido, nunca fenece enquanto for possível ser recuperado. E, sabe-se, aquele que busca o sentido sempre o encontra. "Buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á. Porque, aquele que pede, recebe; e, o que busca, encontra; e, ao que bate, abrir-se-lhe-á”(Mt 7: 7-8).


Tudo nos convida à dissolução neste mundo de aparências, que é inferno, porque, se a ele nos entregamos, dilacera a consciência e a afasta do incomensurável. Incinera a nossa própria identidade de forma contínua e segue queimando-a como se não houvesse nela qualquer eternidade, apenas a transitoriedade perpétua. Isto é inferno. A continua vivência do fim sem a consciência da bondade do Eterno.


E essa experiência continua infinita quando deixamos este mundo, porque no inferno a morte se torna a maior e mais profunda das realidades da alma. A morte sem fim, decorrente de pecados infinitos, mas cuja memória se repete a cada instante. Por isso dor absoluta.


Mas a história da jornada da eternidade no mundo deve ser contada porque nos abre para a realidade da vida eterna. Nos mostra aquilo que é o essencial da alma na presença desse espírito sagrado que constrói os fundamentos do mundo: desde os alicerces do universo até à impressionante organização de nosso organismo e de todos os organismos vivos.


Ela nos desloca para aquilo que perdura, o que sempre foi chamado de "os céus", haššāmayim, em hebraico, aquela amplitude infinita de dimensões eternas cuja existência podemos perceber quando nos deslocamos para além desse barulhento romper contínuo de circunstâncias no qual existimos. Quando nos colocamos diante do silêncio e depreendemos a profundidade metafísica dessa ausência de ruído.


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