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Meus livros, entre 2019-2023, e meu novo livro: Ensaios serenos


Edgard Leite Ferreira Neto


Nos últimos anos organizei muitas obras coletivas e publiquei muitos capítulos em livros, no Brasil e no exterior. Mas nos últimos cinco anos, especificamente, publiquei seis livros como autor, e os considero culminância de 45 anos de pesquisa. São textos silenciosos porque expressam problemas cuja origem são reflexões íntimas e que ecoam soluções acadêmicas de uma forma tênue e, eventualmente, dissidente.


São eles: Predadores: repensando o Brasil nos seus fundamentos morais (2019), Identidade dissidente: temas para uma nova história do Brasil (2020), o singelo O que é o Judaísmo (2021), O valor da liberdade (2021), o ainda mais singelo Diário Místico (2021) e, finalmente, O despertar do sentido (2022).


Predadores, repensando o Brasil nos seus fundamentos morais, foi lançado em 2019, e conta com o precioso prefácio do Dr. José Eduardo Franco, da Universidade de Lisboa. É um estudo sobre as deformações morais fundadoras da sociedade brasileira, e as tentativas jesuítas de corrigir os rumos de uma sociedade sem rumo. Esses elementos desagregadores são importantes e se articulam, ao final, de forma estranha, com as medidas iluministas de Pombal, no século XVIII.


A origem remota desse livro está, me parece, num volume, publicado no exterior, mas imaturo, intitulado "Notórios rebeldes", a expulsão da Companhia de Jesus da América portuguesa, (Madri, Fundación Hernando de Larramendi, 2000) e na minha conferência, mais consistente, proferida no "Congresso do Bicentenário Internacional da Restauração da Companhia de Jesus", em 2014, e publicada nos anais do referido Congresso, intitulada "A restauração da Companhia de Jesus no Brasil, dimensões".


Predadores pode ser entendido como o primeiro volume de um único texto destinado a entender a formação moral brasileira. Isso porque, se ele trata de uma história de desagregação, o recente O despertar do sentido (2022) trata exatamente do papel dos elementos agregadores implantados pela Companhia de Jesus no universo da desordem e como essa tensão engendrou o sentido paradoxal do país. Os dois devem, a rigor, ser lidos como uma mesma obra em duas partes. Que apontam os pecados e as virtudes fundadoras de nossa Nação.


Identidade dissidente: temas para uma nova história do Brasil (2020), é um livro no qual abordei, a partir de perspectivas teóricas que estão sinalizadas em Predadores, alguns temas que me parecem centrais tanto no estudo da história quanto, especificamente, no campo da história do Brasil. Reconheci, nele, de forma implícita, a importância do tomismo como horizonte teórico que aproxima o pensamento da realidade concreta, e desenvolvi soluções para problemas diversos, muitos dos quais foram meus temas de conferências e de artigos publicados em revistas especializadas.


O livro aponta algumas questões que serão desenvolvidas em O despertar do sentido, especialmente a tese de que o Brasil possui uma história não apenas singular, mas totalmente dissidente, diante da história das sociedades ocidentais a partir do século XVIII. Discuto, principalmente, elementos de religiosidade e política brasileiras a partir do processo de independência e abordo, de forma crítica, o universo intelectual do mundo contemporâneo.


O que é judaísmo (2021) e Diário místico (2021), são dois livros que guardam continuidade com um livro anterior, Leituras infinitas (2015), um estudo sobre textos da tradição judaica. O primeiro, O que é judaísmo, é um livro introdutório, parte de uma coleção sobre grandes religiões, vendido em bancas, e que foi bem sucedido em vendas. O segundo, Diário, contém algumas reflexões sobre a mística judaica antiga e seu significado pessoal. Tem alguma dimensão acadêmica, mas é mais literatura e imaginação. Sob certo aspecto possui dimensões autobiográficas, mas está inserido numa tentativa de relatar a prática de uma tradição e os horizontes que essa tradição abre para a espiritualidade. Consolidou, para mim, a convicção de que entendimentos antigos são viáveis para se alcançar verdades.


O valor da liberdade e outros ensaios conservadores, está relacionado a aulas e conferências proferidas durante os anos de 2020 e 2021. “Conservadores”, porque expressam diferentes graus de reticência diante de inovações teóricas e, eventualmente, morais, que fazem parte do universo intelectual contemporâneo. “O valor da liberdade” porque, em geral, o objetivo desses ensaios é realçar a busca da verdade como referencial essencial das escolhas humanas, e critério suficiente para estabelecer os parâmetros da liberdade.


O livro é dividido em seis partes: 1- Seres humanos no tempo, 2- O mundo ilusório de Hobsbawm, 3- Desventuras da revolução, 4- O Brasil no tempo, 5- Inquietudes humanas, e 6- Sentidos da música brasileira. É um aprofundamento de tópicos existentes em “Predadores” e “Identidade dissidente”, e prepara caminho para “O despertar do sentido”.


Identidade dissidente e O valor da liberdade respondem, teoricamente, no entanto, a um livro bem anterior, de 2012, denominado Emancipação, emancipações: a libertação dos judeus no Ocidente (1776-1897), onde discuti alguns problemas do pensamento político iluminista em gestação na passagem do século XVIII ao século XIX.


É necessário anotar, também, que entre 2018 e 2021 publiquei dois capítulos, em inglês, em obras coletivas organizados pelo renomado pesquisador indiano Dr. Manish K. Verma. Esses livros foram editados pela igualmente respeitada editora Routledge (Londres, Mumbai). Os capítulos tratam de questões ambientais no Brasil. O primeiro foi intitulado "Environmental challenges in Brazil, local and global" (2018) (Desafios ambientais no Brasil, locais e globais) e o segundo "Sustainability and public policies in Brazil” (2021) (Sustentabilidade e políticas públicas no Brasil). Ambos capítulos partem do princípio de que o tema, entre nós, deve ser entendido a partir da história do Brasil e de suas particularidades e que as soluções mais consistentes para tratá-lo estão nos campos da História e da filosofia moral.


É com muita satisfação, portanto, que anuncio a publicação de meu novo livro, Ensaios serenos: tópicos de crítica, teoria e metodologia, continuidade das reflexões desenvolvidas nos livros anteriores e elo com meu próximo trabalho, em preparo. Ensaios serenos segue o fio das minhas reflexões sobre a presença do mistério e do extraordinário na história.






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