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Sob as sombras de uma política de aniquilação


Edgard Leite Ferreira Neto


Há momentos, na história, em que os limites, na política, desaparecem. Sabe-se que a capacidade humana de perder qualquer compromisso com o próximo é imensa. E esse movimento adquire, de tempos em tempos, muita consistência. Numa sociedade, como a formada pela descrença iluminista, onde a bondade não tem lugar na esfera pública e os interesses individuais se sobrepõem a qualquer vínculo maior, inclusive de sangue, quando tal perdição ocorre, assistimos e participamos do puro horror.


Nenhum momento como esse teve tamanha dimensão, até hoje, como o ocorrido, em escala global, entre 1914-1945. Mas, como ondas, essa destruição dos limites continuou ocorrendo após 1945, em sociedades as mais diversas, a despeito das tentativas pacificadoras de muitos. Como impedir isso, se tudo que se fala tem a ver apenas com prazeres do corpo, com o culto da transitoriedade do mundo, com a necessidade de anestesiar o sofrimento através das drogas?


O problema não tem a ver com questões sociais como mentirosamente se diz. Mas com a aridez de sentimentos e a pobreza da consciência. Com o distanciamento com relação aos valores maiores que devem conduzir o comportamento. Pois são esses que permitem a serenidade necessária a uma boa existência. Em qualquer circunstância social.


A insana e mentirosa tentativa de transformar a sociedade em um meio onde as pessoas apenas se limitam a comer e obedecer para serem sacrificadas ao altar de seus próprios prazeres e desejos não pode se verificar sem uma política de aniquilação. Principalmente porque esse caminho levanta, no humano, uma reação tão profunda que é inevitável o confronto entre a alma, que é repleta de compaixão e ternura, e uma realidade de egoísmo e vaidade, cheia de desprezo por aquilo que é verdadeiro e profundo.


O movimento de aniquilação da verdade se impõe na política da arrogância. Os poderosos se tornam, rapidamente, criminosos, pois o que veem ainda vivo é aquilo que inviabiliza suas mentiras. Marcham logo para aniquilar os humanos. E o fazem com algum sucesso, inicialmente. Mas, como sabe qualquer um que vive dentro dos limites de sua vida buscando a verdade, o bem conspira pelo bem.


Reencontrar a fé, a esperança, o sentimento, sempre será o movimento capaz de vencer toda aniquilação. Por que? Porque isso é próprio da nossa natureza. O natural triunfa sobre o artificial e a vida sobre a aniquilação.

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